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Foto do escritorRodrigo Viegas

Feio, sujo e malvado: a saga do Cazador finalmente no Brasil.


Cazador, o mais irreverente personagem dos quadrinhos latino-americanos dos anos 90, finalmente estréia no Brasil pela Tai Editora (Necron).

Você conhece o Cazador?

Em março de 1990, na Argentina, o único número do fanzine chamado Arkham aparece. Continha sete histórias, sendo que uma delas do Cazador, um personagem criado por Jorge Lucas, que assinava roteiro e desenhos.

Com características típicas dos super-heróis americanos, a história do primeiro Cazador se passa nos Estados Unidos. Seu nome é Robert Howard (homenagem ao escritor americano criador de Conan), um cientista que trabalhou para a NASA. Após a queda de um OVNI, ele é convocado para trabalhar na investigação secreta de um cilindro encontrado no local. Ao descobrir que o cilindro permitiria construir uma bomba de imenso poder destrutivo, ele se recusa a colaborar. Em uma explosão em casa, sua família morre. Disposto a vingar sua família e parar a construção da bomba, ele se torna o Cazador.

O primeiro Cazador.

Com uma fórmula já bastante explorada, o personagem não chamou atenção. Mesmo assim, Jorge Lucas volta com o personagem em 1992. Voltar é uma maneira de dizer, já que o Cazador de 92 não é mais o mesmo. Não há continuidade com o estágio anterior. A história agora se passa na Argentina, e o personagem, longe de ser cientista, agora é um brutamonte, nojento, ignorante e rude.

A estrela foi substituída por uma cruz invertida e Cazador, que vive em uma igreja abandonada, é um ser amaldiçoado com a imortalidade. A história deixa de ter uma trama como a que guiou a primeira fase e se torna uma paródia de violência extrema no melhor estilo filmes B.

El Cazador de Aventuras (título original da série) começou a ser publicado em dezembro de 1992. Os roteiros e a arte continuam com Jorge Lucas, mas agora acompanhado por Ariel Olivetti, Claudio Ramirez e Mauro Cascioli. Alguns desses nomes certamente são conhecidos por quem lê quadrinhos americanos, todos fizeram trabalhos expressivos nos universos da DC e Marvel. Por sinal, a arte de Cazador é realmente um dos seus pontos mais fortes.

Após os primeiros números, a contribuição de Olivetti desaparece, deixando Lucas e Ramirez em roteiros e desenhos, com Cascioli em desenhos e cores, à partir do número 8. Até então a revista era publicada em preto e branco.

Os primeiros inimigos do Cazador, que aparecem nos primeiros números, são Melkor e Balrog, dois demônios que são inimigos um do outro. Dentro do tom irreverente de Cazador, vários personagens vão aparecendo satirizados em aventuras que misturam tópicos de terror e ficção científica, notícias da época, personagens de desenhos animados e personagens retirados da realidade, como Carlos Menem, em referência ao ex-presidente argentino, Diego Maradona, Mike Tyson, Leatherface e muitos outros. Cazador, por sinal, é torcedor fanático do Racing Club de Avellaneda.

Os principais inimigos do Cazador.


Cazador Comix

A revista Cazador é um sucesso e, em novembro de 1995, outro título, Cazador Comix, é lançado. Nele se apresentava uma breve história do Cazador, e várias histórias em quadrinhos de diferentes autores, sempre dentro do estilo bizarro. Essa revista chegou ao número 08 e então foi cancelada.

Em vários números, o primeiro Cazador aparece, americano e agora chamado Hunter, ele se envolve em várias aventuras com o seu colega argentino.

Ao longo dos números de Cazador, seus problemas com a censura, com críticas especializadas e até divergências internas com a editora foram refletidos nos quadrinhos.

Uma dívida importante da Editorial Buena Letra com os autores levou ao cancelamento da revista, o último número foi lançado em novembro de 1999.

Cazador anos 2000.

Cazador retorna, publicado desta vez por Mauro Cascioli, em novembro de 2000. É produzido por Mauro Cascioli, Jorge Lucas, Claudio Ramírez e Renato Cascioli. Sem muitas alterações, com aparência gráfica cuidadosa e formato um pouco maior, as histórias permanecem no mesmo tom da fase anterior.

A crise econômica e a desvalorização da moeda no início de 2002 enterraram El Cazador, tendo seu último número publicado em 22 de dezembro de 2001.

Cazador tem várias coisas notáveis e, na época em que foi lançado, desfrutou de muita popularidade. Tanto que haviam muitos casos de pessoas que não liam quadrinhos em geral, mas liam Cazador. Um sucesso inesperado até mesmo para os autores, em especial entre o público adolescente, que adorava histórias em quadrinhos violentas, bem-humoradas, com conteúdo sexual e com desenhos muito consistentes, influenciados pela arte de Simon Bisley, Frank Frazetta, misturados com o emergente, na época, estilo da Image Comics, e outros. O seu principal componente é o humor, paródia irreverente, de modo que, da mesma maneira que há pessoas que desprezam esse tipo de quadrinho, sem dúvida, há muitas pessoas que o amam, e isso é perfeito.

A Tai Editora está trazendo Cazador para o Brasil. Cazador Sagas Volume 01 - Viagens Inesperadas está em pré-venda na plataforma de financiamento coletivo Catarse.

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