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  • Foto do escritorRodrigo Viegas

Cazador na linha de frente

Atualizado: 14 de out. de 2020

Que Cazador, de Jorge Lucas, é um icônico personagem argentino todo mundo já sabe. Afinal, foram quase 100 edições de revistas regulares entre os anos 90 e 2000. El Cazador de Aventuras, Cazador Comix e Cazador, esse panteão de histórias malucas e politicamente incorretas, que superou as vendas de Marvel e DC Comics na Argentina, finalmente atracou no Brasil, pela Tai Editora.



2020, o ano pandêmico do mundo, é um marco inédito para a publicação de quadrinhos no Brasil. Inúmeros personagens, por diversas editoras, chegaram em nosso país com a cara e a coragem. Italianos, espanhóis, peruanos, chilenos e, principalmente, argentinos.


A produção argentina de quadrinhos sempre foi infinitamente superior à brasileira. Contudo, no gênero de aventura e ficção, talvez seja a mais prolífica de toda a América Latina. Isso não é nenhum exagero, visto que suas produções são publicadas e republicadas incessantemente na Europa e, agora, começam a circular entre os leitores brasileiros.


Apesar de Jorge Lucas ser um dos grandes nomes entre os artistas contemporâneos daquele país, mesmo ele sendo uruguaio, tendo trabalhado para Marvel, DC Comics e outras gigantes, em personagens como Hulk, Wolverine, Batman e outros tantos, Cazador nunca foi considerado um quadrinho tipo exportação.



Nadar contra a corrente é uma filosofia de vida ou de morte, em se tratando de Cazador. O motivo é bem claro: Ele não pode morrer. Qual seria a personalidade de um ser humano que vive a mais de 500 anos? Pense você sobre isso.


Cazador é inconsequente porque cansou de tentar se adaptar ou levar a sério os rumos que a humanidade vem tomando. Para ele, sobreviver não é um problema, conviver sim.


A Argentina é o país onde ele fixou moradia, onde ele aprendeu a amar o futebol e os costumes de um povo simples e indignado. Recluso em sua velha igreja ao lado de um cemitério (eu morei ao lado de um cemitério e sei como é), Cazador vive entre o cotidiano urbano e as mais insanas desventuras que batem à sua porta.


Ir do cotidiano ao fantástico sempre foi uma especialidade dos quadrinhos argentinos, desde os tempos de H. G. Oesterheld e Robin Wood, para citar dois gigantes. Jorge Lucas é um fruto que não cai muito longe dessa árvore, mas, rolou um pouco mais.


Cazador trouxe o humor escatológico ao gênero. Misturou terror, elementos da cultura pop, fatos reais que aconteciam na Argentina e no mundo. Era como se a MAD resolvesse fazer o Lobo. Sim, existe esse comparativo com o Lobo da DC Comics. No entanto, Cazador está inserido em um contexto regional muito mais profundo, enquanto o personagem americano é raso e sem vínculo algum com culturas de qualquer tipo.


Cazador chegou ao Brasil com Cazador Sagas Volume 01 - Viagens Inesperadas, uma série criada por Jorge Lucas, que traz arcos específicos dentro das histórias do Cazador. Contos de Terror do Cazador: Regresso à Arkham é uma edição especial criada por Jorge Lucas e Claudio Ramírez, que homenageia a literatura e o cinema de terror. Ambos pela Tai Editora.


Ele veio para ficar. Cazador só está começando as suas infâmias no cenário brasileiro. É um personagem perfeitamente identificado com seus fãs e totalmente odiado pelos mais eruditos. Esse antagonismo todo, coloca Cazador no status de cult, controverso e indigesto. Ou seja, perfeito para a linha de frente das publicações da Tai.


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